https://www.buobe.com/buobe.svg Protocolo de biosseguridade para a piscicultura: como garantir a saúde dos peixes
Sucesso no Campo
Sucesso no Campo
sucessonocampo.com.br

Protocolo de biosseguridade para a piscicultura: como garantir a saúde dos peixes

Brasil Goiás 12/11/2024

Para que a criação de peixes seja sustentável nos aspectos financeiro, sanitário e ambiental, medidas de biosseguridade são fundamentais. Ao garantir a saúde e o bem-estar dos animais, evita-se a disseminação de doenças e a circulação de patógenos, que podem representar grandes perdas produtivas, bem como a morte de diversos peixes. Assim, para mitigar ameaças à rentabilidade e viabilidade das instalações, medidas como adequação das densidades de cultivo, realização de diagnósticos preventivos, programas de limpeza e desinfecção, manejo de qualidade da água e protocolos de vacinação devem ser seguidas com rigor na piscicultura.


Para auxiliar os produtores nas decisões práticas, a médica-veterinária Talita Morgenstern, coordenadora técnica da unidade de negócio de Aquicultura da MSD Saúde Animal, aborda abaixo alguns dos principais pontos de atenção para a saúde dos peixes:



  1. Limpeza e desinfecção


Algumas doenças infecciosas são facilmente controladas por higienização e desinfecção. Por isso, calçados e veículos que entram nas instalações, assim como equipamentos utilizados no manuseio de peixes, devem ser desinfetados com produtos químicos específicos para a finalidade. “A desintegração de microrganismos por meio do método químico, pelo uso de desinfetante, é processo base para uma piscicultura saudável, e o sucesso da limpeza está ligado tanto ao produto escolhido, considerando seu espectro de ação, quanto à prática aplicada”, explica Talita.


O desinfetante próprio para o setor, como o Omnicide Aqua, é indicado para uso em instalações como tanques-rede e geomembrana, comedouros, bolsões e mesas de vacinação e classificação; em veículos e embarcações, como barcos, balsas e caixas de transporte; em utensílios, como puçás, materiais de necrópsia, microscópios, luvas e calçados; e em barreiras sanitárias, como pedilúvios e arco sanitário.


Outro ponto de atenção é que, no sistema intensivo, a frequência indicada para desinfectar os tanques rede é sempre no intervalo de um ciclo de cultivo para outro. No entanto, dependendo do ciclo de cultivo, o programa de limpeza pode ocorrer três ou mais vezes por ano em cada unidade de produção. Afinal, orienta Talita, a limpeza deve ser feita sempre que entra um novo lote de peixe.


2. Controle de acessos


Outra ação para evitar a entrada de patógenos nas instalações é o uso de cercas perimetrais. Talita ressalta que elas são de grande ajuda, uma vez que regulam o acesso de veículos, pessoas e animais à fazenda.


Ainda, segundo o Guia de Biosseguridade da PeixeBR, é essencial que toda visita seja previamente agendada com a equipe gerencial, com a coleta de informações específicas em um livro de visitantes, e recomenda-se que o visitante e/ou técnico prestador de serviços respeite o período mínimo de 24h desde sua última visita em outras áreas de produção de pescado. Esse controle permite identificar possíveis rotas de disseminação de patógenos, facilitando a contenção da doença.


A disponibilidade de peixes em criação também atrai aves de vida livre, que podem atuar no carreamento de agentes infecciosos para os centros de criação, além de poder ocasionar lesões nos animais devido às tentativas de capturas de peixes, estresse e até mesmo mortalidade de peixes, conforme traz o Guia da PeixeBR. Assim, recomenda-se construir estruturas para impedir que as aves acessem os animais em criação.


3. Qualidade da água


O abastecimento de água é mais um item fundamental para a biossegurança da cadeia produtiva. A fonte de água, que pode vir de nascente, poço, rio ou lago, deve ser de boa qualidade e baixa em matéria orgânica. Segundo o Guia da PeixeBR, as fontes de água de superfície (como rios e lagos) apresentam maior risco e podem conter poluentes e patógenos, que podem prejudicar os animais aquáticos, já que, por meio de fontes de água contaminadas, os patógenos podem entrar e/ou espalhar dentro ou até mesmo para outras unidades produtivas.


Quanto à desinfecção da água para abastecimento das áreas produtivas, pode ser feita com o uso de químicos, luz ultravioleta ou ozônio, com a devida aprovação do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Também é preciso monitorar regularmente a qualidade da água em relação aos seus parâmetros físico-químicos. Os indicados pelo Comitê de Sanidade da PeixeBR são: temperatura entre 23-33°C; Oxigênio Dissolvido (OD) de 4 a 8 mg/L; pH de 6 a 9; alcalinidade total maior que 20 até 150 mg/L; Nitritos inferior a 0,1 mg/L; e Amônia total inferior a 2 mg/L.


Para que se cumpra esses números, deve-se respeitar principalmente a capacidade de suporte do ambiente, que está intimamente ligada às densidades de produção utilizadas. “Caso seja colocado um número de animais acima da capacidade, a qualidade de água será comprometida pelo excesso de excreção dos animais, matéria orgânica proveniente da sobra de ração, que inclusive pode afetar os níveis de oxigênio e amônia”, diz Talita.


4. Manejo adequado


A boa criação, com foco no bem-estar animal e na prevenção, também é ponto a ser considerado na biossegurança da piscicultura, já que evita condições ambientais ou procedimentos que possam estressar o peixe ou danificar sua pele, barbatanas, brânquias ou intestino, o que enfraquece o sistema imunológico e o torna mais suscetível a doenças.


Entre as práticas, o programa de vacinação é de suma importância. Os diferentes tipos de vacinas para peixes são importantes aliados no combate a doenças infecciosas, pois, além de prevenir enfermidades virais e bacterianas, funcionam como uma alternativa ao uso de antibióticos.


Atualmente, os principais métodos de imunização para peixes são por via injetável, oral e imersão. As vacinas injetáveis apresentam vantagens em relação às demais por serem capazes de garantir uma indução à resposta imunológica mais rápida, eficaz e duradoura. Portanto, cada alternativa possui suas particularidades em relação à eficácia, praticidade e custo-benefício. Mas, para todas as formas, é imprescindível que se disponha de equipamentos e utensílios dedicados unicamente a essa rotina de trabalho, sem o compartilhamento com outros setores.


5. Equipe capacitada e atualizada


Mais um ponto de atenção é o preparo da equipe para os protocolos do dia a dia, os manejos corretos, os cuidados sanitários e para a rápida detecção de enfermidades. Equipes bem preparadas conseguem cumprir as boas práticas de higiene, manter o uso adequado e a manutenção dos equipamentos, orientar sobre a higienização das instalações, ter conhecimento sobre os principais aspectos ambientais e sanitários e ter facilidade de preenchimento de registros.


“Conhecimento é palavra-chave para que se propague cada vez mais as boas práticas. Pela MSD Saúde Animal, por exemplo, oferecemos aos clientes diversas oportunidades de treinamentos pela nossa Universidade Corporativa. Com isso, democratizamos o acesso à informação e aperfeiçoamos as práticas e os resultados da cadeia produtiva. Com as estratégias bem implementadas e monitoradas adequadamente, a piscicultura pode obter benefícios em sustentabilidade e incremento da produtividade”, afirma Talita.


Fonte: Thaís Campos


The post Protocolo de biosseguridade para a piscicultura: como garantir a saúde dos peixes appeared first on Sucesso no campo.