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Biocombustíveis: incertezas sobre subsídios e tarifas de Trump impactam produção nos EUA e Canadá

A indústria de biocombustíveis dos Estados Unidos e do Canadá está reduzindo a produção de biocombustíveis para limitar perdas diante da incerteza sobre a política do presidente dos EUA, Donald Trump, em relação aos subsídios para combustíveis verdes e ao possível agravamento da guerra comercial entre os dois países. As informações são da agência Reuters.


O setor, que vinha em alta plurianual, impulsionado pela demanda crescente por óleos vegetais usados na produção de biocombustíveis, agora enfrenta um cenário de contração. A hesitação de Trump em definir tarifas e subsídios está afetando processadores de ambos os lados da fronteira, além de agricultores que finalizam seus planos de plantio para a primavera no Hemisfério Norte.


A incerteza sobre os programas de subsídios para biocombustíveis nos EUA, incluindo o crédito fiscal da era Biden (conhecido como 45Z), que define os valores pagos pelos óleos e gorduras usados na produção de biocombustíveis, está pressionando ainda mais o setor. Segundo especialistas, a falta de clareza nas políticas pode prejudicar comunidades rurais e os esforços globais para descarbonizar a economia.


“Se essa incerteza se arrastar, o setor de biodiesel e diesel renovável vai se contrair, mas não desaparecerá. Ele encolherá, às vezes de forma dolorosa”, afirmou Paul Niznik, diretor de energia da consultoria Capstone, em Houston.


Projetos de biocombustíveis cancelados e produção reduzida


A Federated Co-operatives Limited, por exemplo, cancelou um projeto de usina de processamento de canola e diesel renovável em Saskatchewan, um dos cinco planos que expandiriam a capacidade de esmagamento de canola do Canadá em 60% nos próximos cinco anos. Nos EUA, uma usina de biodiesel no Iowa foi desativada no final de dezembro, e outras reduziram a produção, resultando na menor produção do combustível em cinco anos. Em janeiro, a produção de diesel renovável caiu 17% em relação à média mensal de 2024, segundo dados da Agência de Proteção Ambiental (EPA).


A capacidade dos EUA de produzir biodiesel e diesel renovável, feitos a partir de gorduras animais e óleos vegetais como canola e soja, cresceu cerca de 60% desde 2022, impulsionada por políticas federais de redução de emissões de gases de efeito estufa. No entanto, o excesso de oferta e a incerteza política estão pressionando as margens de lucro. Gigantes do setor, como Archer-Daniels-Midland (ADM) e Bunge, que operam metade das fábricas de canola do Canadá e quase 40% da capacidade de esmagamento de soja dos EUA, alertaram que os lucros em 2025 podem cair para os níveis mais baixos em seis anos.


Impactos aos agricultores


Agricultores de ambos os países também sentem os efeitos. Nos EUA, espera-se uma redução no plantio de soja nesta primavera devido ao excesso de oferta e à demanda fraca. No Canadá, produtores como Andre Harpe, de Alberta, estão inseguros sobre como gerenciar seus estoques. “No momento, não sabemos se deveríamos estar vendendo, segurando ou fazendo dumping”, disse Harpe.


Enquanto o governo Trump não definir suas políticas, o setor de biocombustíveis continuará enfrentando desafios. A EPA, responsável pelo Renewable Fuel Standard (RFS), que define volumes obrigatórios de biocombustíveis, ainda não se pronunciou sobre os mandatos futuros. Atualmente, a produção apoiada pelo RFS é de 3,35 bilhões de galões por ano, bem abaixo da capacidade do setor, estimada em 5 bilhões de galões.


Com informações da Reuters