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Banana que era descartada ganha valor e mercado

Brasil 9/1/2025
Mulher com pacote de balas na mão
Rafaela Takasaki Corrêa | Foto: Arquivo Pessoal

Já imaginou saborear balas produzidas com bananas cultivadas no litoral paranaense? Hum…, elas são, na verdade, a sensação de uma cidade chamada Antonina, no Paraná. 





A banana madura, que muitas vezes não tinha valor de mercado e frequentemente amadurecia antes de chegar ao consumidor, foi transformada em doce e virou um negócio lucrativo e que já está na terceira geração. 





A história da bala de banana de Antonina começa em 1979, quando as balas eram fabricadas e vendidas em pacotes nas bancas à beira da estrada.





Abrindo as porteiras





A receita não é tão simples assim, não. O processo exige muita experiência, e só o baleiro sabe o ponto certo. Não há tecnologia que substitua o conhecimento conquistado por anos de produção. 





Depois que o baleiro encontra o ponto ideal, as balas são cortadas, recebem uma cobertura de açúcar e são embaladas individualmente.






 “Uma das principais partes da produção das nossas balas é preservada, que é o ‘saber fazer’, porque os baleiros interferem no preparo da massa. Já a parte final de embrulhar e empacotar, aí sim, é todo industrializado”, explica Rafaela Takasaki Corrêa, sócia e diretora-executiva da empresa, que faz parte da terceira geração da família junto com o seu irmão.






Foi neste processo que, em 2020, a bala de banana de Antonina conquistou o selo de Indicação Geográfica de Procedência – que protege o nome onde o produto se tornou notório. 





A certificação foi garantida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). E para manter este selo é preciso que a fabricação siga todas as exigências estabelecidas no regulamento






“A Indicação Geográfica aumenta a visibilidade do produto. A nossa bala é reconhecida no país, porque tem história, tradição e qualidade. A marca e os produtos estão diretamente ligados à região”, diz Corrêa. 






O doce que ganhou o estado do Paraná, já é reconhecido em todo o Brasil. Um legado que passa de geração a geração. 






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Por dentro da Indicação Geográfica





De uma forma simples, sabe quando você vai comer um queijo, tomar um suco ou comprar algo especial, e alguém fala que só é tão gostoso e bom porque veio de um lugar diferente? 





É essa diferença que faz com que um produto ou um serviço de uma determinada região, feito de um jeito único e com muita tradição, receba o reconhecimento da Indicação Geográfica (IG) em forma de selo. 





Existem dois tipos de IG: 






  • Indicação de Procedência: É quando a região onde o produto é feito já ficou famoso. Por exemplo, Pelotas, no Rio Grande do Sul, faz doces maravilhosos, o local é conhecido como a capital nacional do doce! Então, a guloseima ganhou esse selo porque as pessoas já confiam que é especial.






  • Denominação de Origem: É quando o produto só pode ser feito naquele lugar específico, porque depende da terra, do clima ou de algo que só existe no local. Por exemplo, a Cachaça e Aguardente de Luiz Alves, em Santa Catarina, o jeito de fazer e os ingredientes são únicos do lugar.






“A gente sempre fala que um produto tem um nome e sobrenome, como, por exemplo, ‘abacaxi de Novo Remanso’, ‘laranjas de Tanguá’ para identificar de onde vem o produto”, diz Hulda Giesbrecht, coordenadora de tecnologias portadoras do futuro do Sebrae.






Agora que você entendeu o que é Indicação Geográfica de Procedência e Denominação de Origem, que tal descobrir os primeiros passos para conseguir esse reconhecimento? 





Alô, Sebrae! 





Caso você seja um produtor rural e esteja numa região que possa ser reconhecida por um serviço ou um produto específico, o melhor a fazer é procurar ajuda do Sebrae e apresentar o que há de melhor sendo produzido no território. 






“O Sebrae tem hoje um diagnóstico que pode ser aplicado na região para ver o potencial da área, para saber se pode ser reconhecido como uma IG ou uma Marca Coletiva. O resultado desse diagnóstico, pode demorar uma semana ou mais, e é feito por meio de entrevistas com outros produtores. Sendo o resultado positivo, o Sebrae pode apoiar na estruturação e auxiliar no processo de reconhecimento no INPI”, diz Giesbrecht.   






Para solicitar o registro da IG, é necessário alguns documentos, mas eles podem variar dependendo do tipo de indicação que o produtor irá solicitar. Entre as exigências estão:






  • Caderno de Especificações Técnicas;




  • Comprovante do pagamento da GRU;




  • Documentos que comprovem que o nome geográfico se tornou conhecido, no caso de Indicação de Procedência. Já na Denominação de Origem, é importante apresentar os documentos que comprovem a influência do meio geográfico nas qualidades ou características do produto ou serviço;




  • Instrumento oficial que delimita a área geográfica; 




  • E outros documentos que o Instituto julgar necessário. 





Atenção! 





Não é mais possível fazer o pedido da IG em papel. Os serviços só podem ser solicitados eletronicamente. E o Sebrae orienta o produtor no levantamento desses documentos.





Antonina na rota do turismo 





Mulher no palco com microfone na mão
Maria Isabel Guimarães – consultora do Sebrae/PR | Foto: Comunicação Sebrae/PR




A Bala de Banana de Antonina teve o apoio do Sebrae/PR na conquista da IG de Procedência e contribuiu para que a cidade não fosse apenas reconhecida pela produção do doce, mas também permitiu que ela entrasse na rota do turismo, movimentando a economia local.






“O trabalho envolveu diagnósticos, levantamento de dados, conteúdos históricos, criação e ações para fortalecer a governança”, afirma Maria Isabel Guimarães, consultora do Sebrae/PR.






Atualmente, a produção da bala em Antonina chega em média a uma tonelada por dia; emprega 20 funcionários diretos e oito indiretos. Além de quase 100 produtores de banana, que dependendo da época do ano, prestam serviço .






 “Os empresários de diversos ramos também se apropriaram desse reconhecimento e, acredito que seja esse um dos principais objetivos da da IG numa região”, finaliza Rafaela. 







“Antonina tinha a fama da bala e precisava organizar aspectos históricos, técnicos e sensibilizar a comunidade sobre essa potencialidade. Traçamos uma estratégia que foi bem-sucedida e conquistamos a IG que valorizou não só a produção como a cidade de modo geral, atingindo o turismo, gastronomia e com resultado efetivo de mercado”, explica a consultora do Sebrae/PR.






Com uma história rica, a guloseima é uma tradição de Antonina que ganha mercado e representa a região.






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