As cotações do trigo, em Chicago, recuaram bastante nesta semana. O primeiro mês cotado fechou a quinta-feira (24) em US$ 5,29/bushel, após US$ 5,48 uma semana antes. O plantio do cereal de primavera, nos EUA, atingia a 17% da área prevista no dia 20/04, contra 13% esperado pelo mercado e 12% na média histórica.
Do que havia sido semeado, 2% estava germinado até aquela data. Já o trigo de inverno, na mesma data, apresentava 21% das lavouras em situação entre ruins a muito ruins, 34% regulares e 45% entre boas a excelentes.
Por outro lado, o Conselho Internacional de Grãos apontou, nesta semana, que a produção mundial de trigo deverá ficar em 806 milhões de toneladas em 2025/26. Considerando que o consumo mundial está projetado em 814 milhões, os estoques finais mundiais deverão ficar em 260 milhões de toneladas.
Dito isso, há certo temor de que a redução nas safras da Rússia e da Ucrânia, que representam 30% da produção mundial, possa reduzir o volume global indicado. Neste sentido, importante se faz lembrar que, dois meses antes, o USDA apontou que os estoques globais de trigo para consumo, entre os principais países exportadores em 2024/25, atingiram a menor taxa em 17 anos, ficando em 14,6%.
Na semana passada, a Ucrânia estimou sua colheita de trigo, 2025/26, em 17,9 milhões de toneladas, a menor em 13 anos, com uma queda de 23% em relação ao ano anterior. Enquanto isso, a Rússia prevê uma colheita entre 79,7 milhões e 82,5 milhões de toneladas para 2025/26, sendo o patamar superior semelhante à produção do ano passado. Por outro
lado, a menor safra russa do ano passado reduzirá as exportações de trigo, de 2024/25, para as mínimas dos últimos três anos, mas a porcentagem da safra exportada permanecerá elevada, já que o grão russo tem preço bem abaixo da concorrência.
Diante de tal contexto, e lembrando que, somados, Argentina, Austrália, Canadá, União Europeia e Estados Unidos respondem por cerca de 54% das exportações globais de trigo, o próximo relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o dia 12/05, é muito importante pois será o primeiro a apontar perspectivas para a safra de grãos 2025/26 (cf. Reuters).
E aqui no Brasil, os preços médios se mantiveram estáveis para o produto de qualidade superior. No Rio Grande do Sul o saco do produto ficou em R$ 75,00, enquanto no Paraná o mesmo esteve em R$ 80,00. A semana mais curta, devido aos feriados, deixou o mercado muito lento, com compradores indicando estarem abastecidos, e os vendedores fazendo caixa com produtos da safra de verão. Com isso, os vendedores que ainda detêm lotes estão à espera de novas valorizações do produto nas próximas semanas e/ou meses (cf. Cepea).
Já o mercado FOB apresentou recuo de preços nesta semana. No Rio Grande do Sul, os preços para a próxima safra recuaram R$ 20,00/tonelada, com negócios para entrega e pagamento em dezembro sendo fechados a R$ 1.360,00/tonelada, sobre rodas no porto, contra os R$ 1.380,00 da semana anterior. No mercado local, os valores seguem em R$ 1.500,00 FOB, com branqueador a R$ 1.600,00 FOB, porém, sem demanda, já que os moinhos seguem abastecidos. O trigo importado, por sua vez, está cotado entre US$ 285,00 e US$ 290,00/tonelada FOB Rio Grande, enquanto os moinhos, que compraram a US$ 259,00, agora ofertam o produto a US$ 285,00/tonelada.
Em Santa Catarina, o mercado da nova safra permanece parado, sem vendedores ou compradores. Há negócios pontuais da safra atual entre R$ 1.400,00 e R$ 1.450,00/tonelada FOB, variando conforme a qualidade do lote. E no Paraná, o cenário é de pouca movimentação, com compradores já abastecidos e vendedores tentando segurar os preços. Os moinhos indicam R$ 1.600,00/tonelada CIF, para pagamento curto, enquanto outros ofertam R$ 1.650,00 para entrega em maio/junho, com pagamento ao final de junho. No FOB, alguns negócios foram fechados a R$ 1.600,00 para entrega imediata, enquanto vendedores pedem até R$ 1.700,00/tonelada. O trigo importado foi indicado a US$ 295,00/tonelada CIF Paranaguá (cf. TF Agronômica in: Agrolink).
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).
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